Tudo o que fazemos volta para nós …

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Felizmente hoje vivemos sob o império das palavras, ao contrário do tempo da inquisição ou das ditaduras, quando, em vez de dialogar ou trocar palavras, mandavam logo prender, torturar, arrebentar e até matar.

Eu me lembro que, há trinta ou quarenta anos, o saudoso Candinho, funcionário da Casa Lobato, quando ia assistir aos jogos do seu time favorito, o Grêmio Santanense, não tolerava que lhe pisassem nos calos e reagia da seguinte forma dizendo, como se não se dirigisse a ninguém em particular: “Camaradinha curto e baixo, usando chapéu, calça marrom, casaco listrado e sapato furado, deveria voltar urgente para sua casa e ficar calado.”

E se o sujeito não se mancava, Candinho o expulsava esportivamente do estádio a força de comentários e insinuações; mas se fosse outro, menos esportivo do que o Candinho, certamente expulsaria seu desafeto na base da pancada. E eu vi muito disto em campos de futebol.

O Candinho, no entanto, era amigo de todo o mundo, e por seu lado não atacava ninguém, nem era provocador, mas quando o atacavam tornava-se impiedoso. E, com suas indiretas, era mais do que direto.

Quando cruzava com alguém na rua e percebia um olhar maldoso, de sarcasmo ou ironia, ou quando ficava sabendo que alguém o tinha malhado, ele dizia, levantando o dedo: “Olha que eu sei, hein! Olha que eu conto!”

E o Candinho realmente sabia de muita coisa. Mas não era mexeriqueiro, nem falador, e só usava o que sabia para se defender, quando necessário.

Pois o nosso estado democrático de direito, sobre o que for que esteja acontecendo no cenário político, administrativo ou institucional, nos permite manifestar livremente o que pensamos, assim como permite àqueles que se sentirem magoados ou ofendidos com o que dizemos reagirem em causa própria ou de terceiros, sem necessariamente citar nomes. Mas ninguém diz ou faz nada impunemente.

Segundo o velho ditado popular, aquele que diz ou faz o que quer, acaba ouvindo ou recebendo o que não quer.

Albert Einstein dizia que a vida é como jogar uma bola contra uma parede. Se a atiramos com suavidade ela volta com suavidade. Se a atiramos com força, ela volta com força. Mas, de um modo ou de outro, tudo o que fazemos volta para nós.

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