Forcela — Um conto de Alexandre Dumas

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“Do mesmo modo que Chiaia é a rua dos estrangeiros e da aristocracia, do mesmo modo que Toledo é a rua dos ociosos e das lojas, Forcela é a rua dos advogados e dos demandistas …”
Assim inicia FORCELA, um dos melhores contos de Alexandre Dumas Pai, onde narra a história de um personagem chamado Felipe Vilani que aos vinte anos, tendo morrido o pai, depois de gastar o dinheiro da herança, ficou sem eira nem beira.
E a partir daí passou a viver de golpes e falcatruas.
Seu primeiro golpe foi aplicado a um cidadão judeu que oficialmente lhe emprestava a quantia de nove mil francos, mas que na verdade lhe entregava, a juros de cento e cinqüenta por cento, apenas três mil, mediante uma nota promissória que Dom Felipe firmou com uma tintura de água com um pó azul. O judeu examinou o documento e ficou satisfeito , especialmente com a assinatura, bem clara, de dom Felipe Vilani.
Quando o credor se apresentou ao final do prazo para cobrar a promissória, dom Felipe fingiu estar surpreso, pois estava certo de que não lhe devia nada. Então o judeu o desafiou a irem juntos até a presença do juíz, onde o credor tirou do bolso a promissória, abriu-a sobre a mesa do magistrado e ali estava o valor de nove mil francos a ser pago no prazo tal, mas cadê a assinatura? A tintura havia secado sobre o papel e a assinatura de Dom Felipe tinha desaparecido. Sem saber o que dizer o credor teve que pedir desculpas, que dom Felipe não aceitou , pedindo ao juiz seu testemunho de que acabava de ser ofendido com a cobrança de uma dívida que não existia e ao mesmo tempo exigindo uma indenização.
Esse foi o primeiro, dos muitos golpes que Dom Felipe aplicou em vida, até a sua morte.
Mas consta que quando morreu, tendo sido enterrado como indigente pela Irmandade dos Peregrinos, depois de alguns dias foi visto à noite por alguém que o denunciou.
Então a Irmandade entrou na Justiça com um processo contra Dom Felipe, por ter forjado sua própria morte e haver cobrado um seguro, dando-lhe um prazo de três dias para se apresentar em juízo e provar que tinha morrido.
Foi então que se apresentou alguém muito parecido com dom Felipe, dizendo ter sido confundido com o morto.
Na verdade essa pessoa era um ator, amigo de Dom Felipe, e seu cúmplice no referido golpe, com quem tinha repartido o dinheiro do seguro. Dom Felipe e seu amigo, agora ricos e sob nova aparência, dividiam um confortável terraço no centro da cidade de Napoles.
A história é agradável e não é cansativa. E vale a pena ser lida do início ao fim, principalmente por tratar de alguns aspectos do sistema judiciário que já vigoravam na época em que este conto foi escrito.

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