Pérolas de um mesmo colar…

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Uma das características que unem os povos é o fato de existirem fronteiras irmanadas, em que duas cidades de origens e culturas diferentes se situam lado a lado, separadas por uma avenida, como Sant’Ana do Livramento e Rivera, ou ligadas por uma ponte que atravessa um rio, como Quarai e Artigas, e que hoje convivem, depois de um passado de lutas e batalhas, num clima de paz e cordialidade.
 
Ainda que cultuem separadamente suas tradições, valores e vultos históricos, como é o caso do patrono da cidade de Artigas, General José Gervásio Artigas, o qual todos aqueles que estão familiarizados com a história de ambos os países reconhecem como um valoroso herói e caudilho que lutou até enquanto lhe foi possível pela libertação de sua querida pátria oriental deixando-nos este lema: “Com libertad no ofendo ni temo”; ainda que no passado tenham havido muitos combates entre os colonizadores portugueses e espanhóis e discórdias posteriores, hoje o Brasil e o Uruguai integram a comunidade das nações livres e independentes que convivem num clima fraterno, de paz, cordialidade, harmonia e respeito e transmitem esse exemplo a todos os forasteiros e turistas que nos visitam.
 
Sinto-me à vontade para falar dos vínculos que nos unem, brasileiros e uruguaios, porque duas de minhas irmãs eram casadas com uruguaios. Por outro lado, minha vó materna, Ana Lisbela de Figueiredo, embora filha de um comerciante português chamado Manoel Domingos de Figueiredo, nasceu na localidade uruguaia de Salsipuedes, e meu bisavô materno, Policarpio Cunha, possuía um estabelecimento rural em Estación de Achar, no departamento de Tacuarembó, onde foi atacado e morto por uma onça parda, episódio que narro em meu livro “O Velho e a Fera”.
 
Na área cultural e educacional, mais uma vez constatamos essa bela integração entre nossos povos ao ser criado, no governo da presidente Dilma, em nossa fronteira, na linha divisória entre os dois países, um Instituto Binacional de Ciência e Tecnologia, proporcionando ensino gratuito mediante exame vestibular nas áreas de ciência e tecnologia a jovens brasileiros e uruguaios.
 
Quem sabe um dia venhamos a ter também uma universidade e um hospital binacionais, evidenciando que nossas cidades de fronteira são pérolas de um mesmo colar, cujo fio espiritual e fraterno une a todos os países da América Latina.

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