A história do meu avô

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O meu avô Edmund Levy, nasceu em 06/02/1859 na vila de Puttelange, Departamento de Moselle, Região de Lorraine, na França. Era filho de Jacob Levy e de Flora Wormes. Ele veio para o Brasil em 1876, daí rumou para o Uruguai, onde se estabeleceu como mascate, tendo casado no dia 23/04/1902 perante a Sétima Seção do departamento de Salto daquele país com Laudelina do Carmo, nascida em 06/07/1879, filha de Antônio Joaquim do Carmo e Joanna Guimarães do Carmo, natural do mesmo Departamento, no Uruguai. Edmund faleceu em Sant’Ana do Livramento(RS), em 02/08/1929 e Laudelina no dia 18/10/1929, na mesma cidade.

Após o casamento meus avós vieram residir em Sant’Ana do Livramento, onde tiveram cinco filhos. Após o nascimento dos filhos, Edmund resolveu ir para a sua terra natal, que naqueles idos era território ocupado pela Alemanha. Quando lá chegaram, o meu pai Ernesto e os irmãos foram estudar em uma escola alemã que distava uns dois quilômetros de onde residiam.

Quando estourou a guerra em agosto de 1914 entre França e Alemanha o território do departamento de Moselle era o centro do conflito. Além da guerra, a minha avó Laudelina tinha dificuldade com o idioma e não se adaptava com os hábitos judeus da família do meu avô. Por estas razões ele pensou em retornar para o Brasil. Ocorre que após a declaração de guerra, o governo francês não concedia mais autorização para que o seu cidadão deixasse o território.

O que fez o meu avô? Tendo todos os seus filhos brasileiros, ele buscou o consulado do Brasil em Berlim e expôs o seu caso, contando que residiu muitos anos em Sant’Ana do Livramento e que seus filhos eram nascidos lá. O funcionário do consulado que o atendeu, ouviu a história e para testá-lo perguntou se ele conheceu em Livramento Fulano de Tal. O meu avô disse que o conhecia e que era amigo dele, mencionando o fato de que tal pessoa tinha uma deficiência física, faltava-lhe uma mão ou parte do braço. Diante desta declaração o funcionário consular se identificou, dizendo o seu nome e que era também nascido em Livramento e filho do mencionado Fulano de Tal. Era uma santa coincidência.

Resta dizer que diante do inusitado deste fato, a circunstância possibilitou que o consulado expedisse os passaportes para cada membro da “família do cidadão brasileiro Edmundo Levy” em outubro de 1915 e os mandasse pelo correio para Puttelange.

De posse dos passaportes brasileiros, Edmund foi até o consulado francês em Genebra, na Suíça. Lá declarou que estava residindo no Hotel Universal daquela cidade e requereu um salvo-conduto que autorizasse a ele e sua família embarcar em porto francês com destino a Montevidéu, no Uruguai. No documento expedido em 16/11/1915 constava a sua nacionalidade brasileira, relação de familiares, porém nascido em Puttelange e a data certa de nascimento.

Naquela época, por uma boa causa também se identificava um brasileiro nascido em território francês.

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