Sobre o respeito a quem trabalha

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Tenho observado aqui em nossa fronteira do Brasil com o Uruguai que enquanto alguns ficam sentados ociosamente num banco da praça ou a uma mesa de bar na calçada tomando uma cerveja ou refrigerante, olhando o passeio, contando piadas, falando de política, de futebol ou jogando conversa fora, outros não param de trabalhar para sobreviver, seja a menina vendendo meia dúzia de meias por 10 reais; a mocinha que vende perfumes; a moça e o rapaz que para custearem a sua faculdade vendem trufas e pastéis na rua; o rapaz que vende seus vídeos ou CDs ; os rapazes de uma ONG que oferecem artesanatos, chaveiros, pães ou doces em troca de uma pequena colaboração para o seu grupo que ajuda os jovens a se afastarem do mundo das drogas; as ciganas que revendem suas cortinas, talheres, tapetes ou lençóis e o homem que vende seus balões, bichinhos de pelúcia ou macaquinhos para crianças.
Entre essas pessoas que não param de trabalhar, eu lembro especialmente a figura do Carlitos, que passa ligeiro, com a sua caixa de engraxate, olhando os pés dos que estão sentados nos bares de Santana e Rivera, para ver se estão de tênis ou sapatos. Se estão de tênis, nem lhes dá conversa. Mas se estão de sapatos, pergunta educadamente se quer engraxar, e retirando da caixa a pomada, um pano e uma escova, não demora mais do que dez minutos para lustrar um par de sapatos. Mas se o sujeito não quer , ele não insiste, não perde tempo e vai em frente. O Carlitos é uma dessas pessoas dinâmicas que não se limita apenas ao trabalho de engraxar sapatos, ele trabalha no que vier, como vendedor ambulante, garçom, cuidador de carros, guia de turistas para entrar ou sair da cidade, etc.
Todas essas pessoas de que falei, e mais o Carlitos, que trabalham e sobrevivem como podem, e honestamente, merecem o nosso respeito e admiração e não a ironia e o insulto daqueles que, se não querem nenhum produto ou serviço oferecido por estas pessoas, em vez de simplesmente lhes agradecerem, respondem grosseiramente, com insulto, ironia ou falta de educação.

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