O receituário do manifesto comunista

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Sempre foi comum que se fizesse resumos ou sinopses da história econômica, cultural e política do mundo, de nosso país ou de nossa região em determinados momentos que os identificamos.

Na área econômica e social os doutores no tema buscam fazer diagnósticos com a análise do que aconteceu no passado, bem como dos efeitos presentes, para que possam se atrever a lançar algum prognóstico sobre o futuro.

Uma das primeiras análises dos fatos sociais e econômicos que se conhece, é o Manifesto Comunista de 1848, escrito por Karl Marx e Friederich Engels para lançar a plataforma da Liga dos Comunistas cujo congresso aconteceu em Londres no ano de 1847, tendo por objetivo constituir uma associação de trabalhadores alemães e depois difundir para os demais países europeus, com o fito de adquirir um caráter internacional.

O Manifesto, em sua parte introdutória diz: “A história de toda a sociedade até aqui é a história de lutas de classes. O Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, burgueses de corporação e oficial, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em constante oposição uns aos outros, travaram uma luta ininterrupta, ora oculta ora aberta, uma luta que de cada vez acabou por uma reconfiguração revolucionária de toda a sociedade ou pelo declínio comum das classes em luta”.

Na edição do Manifesto de 1888 Engels explica que “por burguesia entende-se a classe dos Capitalistas modernos, proprietários dos meios de produção social e empregadores de trabalho assalariado. Por proletariado, a classe dos trabalhadores assalariados modernos, os quais, não tendo meios próprios de produção, estão reduzidos a vender a sua força de trabalho [labour-power] para poderem viver”.

Para concluir o Manifesto, os autores apresentam um receituário catalogando 10 sugestões para os males que aqueles sociólogos identificaram naquela época. Os 10 pontos que deveriam acabar com a chamada “luta de classes” entre burgueses e proletários são os seguintes:

1º Expropriação da propriedade latifundiária; 2º imposto fortemente progressivo; 3º abolição do direito de herança; 4º confisco de propriedade de todos os emigrados; 5º centralização do crédito nas mãos do Estado; 6º centralização do transporte nas mãos do Estado; 7º multiplicação das fábricas sob controle do Estado; 8º trabalho obrigatório para todos sob a organização do Estado, principalmente na indústria e na agricultura; 9º combinação entre o trabalho rural e urbano, a fim de que desapareça as diferenças entre o trabalho na cidade e no campo; 10º educação pública e gratuita e abolição do trabalho de crianças nas fábricas, combinando-se a educação e a produção material.

No decorrer dos 169 anos daquele Manifesto, surgiram coercitivos e ferozes governos totalitários durante o século 20 em diversas partes do mundo para introduzir aquelas recomendações.

Em 1917 O Império Russo sofreu profundas modificações políticas e sociais. Com a ascensão do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR) duas correntes se formaram dentro dele: os mencheviques (minoria) e os bolcheviques (maioria) sob a inspiração de Marx e Engels. Em março daquele ano a chamada corrente menchevique destituiu o Kzar (imperador) e estabeleceu um governo provisório sob o comando de Kerensky.

Já em novembro seguinte a corrente bolchevique sob a liderança de Vladimir Lênin e com o apoio dos sovietes (conselhos operários constituídos em cada cidade) sob o comando de Leon Trotsky, que organizou a Guarda Vermelha, tomou o poder e impôs o governo socialista russo. A partir de 1922 a Rússia se transformou na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e, a partir de então, começou a expansão bolchevique sobre os países limítrofes que durou até 1991.

Neste tempo se viu que aquelas recomendações só haviam causado genocídios (China, Albânia, Cuba), lesão aos direitos humanos e, ao contrário do esperado, muitas desigualdades sociais, não obstante ainda haver até os dias de hoje os que propugnam pelas sugestões dos autores do Manifesto para que se adote aquele receituário e, por fim, se ponha tudo nas mãos do Estado.

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