Curitiba participa de pesquisa com medicamento que previne HIV

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Curitiba participa de pesquisa com medicamento que previne HIV, é o Truvada, um medicamento antirretroviral que evita a infecção pelo vírus. Curitiba, 04/09/2017 Foto: Themis Cabral/SMS

Curitiba, por meio do Centro de Orientação e Aconselhamento (COA), da Secretaria Municipal da Saúde, é um dos cinco municípios do Brasil a participar de uma pesquisa comportamental desenvolvida pelo Ministério da Saúde e pela Universidade de São Paulo (USP), em relação às pessoas que aderem à Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) contra o HIV. A pesquisa em Curitiba pode comportar até 50 voluntários, mas até o momento há apenas 20 pessoas participando. Por isso, algumas vagas ainda estão disponíveis.

Pelo PrEP, pessoas que são soronegativas, ou seja, que não têm o HIV, recebem diariamente uma pílula do Truvada, um medicamento antirretroviral que evita a infecção pelo vírus. As evidências científicas demostram que o risco de infecção pelo HIV cai em mais de 90%, desde que o medicamento seja tomado regularmente.

A frequência de efeitos colaterais da PrEP é relativamente baixa e a maior parte deles ocorre na fase inicial de uso, desaparecendo após as primeiras semanas. “Nós já sabemos que o Truvada é um medicamento eficaz na prevenção. Nesta pesquisa em curso queremos entender o comportamento das pessoas que adotam o PrEP”, afirma o bolsista responsável pelo campo de pesquisa em Curitiba, Alan Clausen da Silveira.

A boa surpresa dos primeiros meses de pesquisa, revela Silveira, é que a rotina de ter de tomar a medicação todos os dias parece ter alertado alguns dos voluntários para o risco de contrair o HIV e as consequências que a doença traz para o resto da vida. “Percebemos que alguns voluntários têm se preocupado mais com o tema e passam a adotar a prevenção combinada, do medicamento e do preservativo, o que é muito importante, mesmo porque a PrEP não previne outras doenças sexualmente transmissíveis”, diz.

Para a pesquisa em Curitiba, segundo Silveira, procuram-se pessoas que tenham risco substancial de infecção, pelas práticas sexuais de risco que costumam adotar. O usuário precisa se comprometer a tomar a medicação todos os dias, além de fazer acompanhamento de saúde periódico no COA.

Os interessados em participar da pesquisa como voluntários e receber a profilaxia devem procurar o COA e manifestar essa vontade durante o atendimento. O usuário, então, passará por uma avaliação para verificar se enquadra-se nos critérios de inclusão.

Prevenção combinada

Além de Curitiba, as cidades que participam do projeto são Porto Alegre, São Paulo, Fortaleza e Ribeirão Preto. Até o fim do ano, a estratégia deve ser estendida pelo Ministério de Saúde em todo o País para as populações consideradas chaves, ou seja, com maior vulnerabilidade, por haver aumento de incidência de novos casos da doença (homens que fazem sexo com homens, pessoas trans, profissionais do sexo e usuários de drogas).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda, desde 2012, a oferta da PrEP para as populações-chaves e ela já é utilizada em países como Estados Unidos, Bélgica, Escócia, Peru e Canadá, onde é comercializada na rede privada, além da França, África do Sul, entre outros, que já utilizam no sistema público de saúde. Com a medida, o Brasil se tornará o primeiro país da América Latina a adotar a estratégia de prevenção como política de saúde pública.

A PrEP insere-se como uma ferramenta adicional dentro da estratégia de “prevenção combinada”, do Ministério da Saúde, uma nova forma de abordar a prevenção à disseminação do HIV, que no passado era calcada apenas no uso do preservativo. “Percebemos que além do preservativo, era necessário oferecer outras ferramentas para que as pessoas pudessem se prevenir também”, explica a coordenadora do COA Juliane Cardoso Santos.

A prevenção combinada inclui: testagem regular; profilaxia pós-exposição ao HIV (PEP); teste durante o pré-natal e tratamento da gestante que vive com o vírus; redução de danos para uso de drogas; testagem e tratamento de outras infecções sexualmente transmissíveis e das hepatites virais; uso de preservativo masculino e feminino, além do tratamento para todas as pessoas que já têm o vírus.

Dados do último boletim epidemiológico do Ministério revelam que 827 mil pessoas vivem com HIV/Aids no Brasil atualmente. Em Curitiba, estima-se quase 16 mil casos de HIV/Aids.

 

Serviço: A pesquisa de PrEP é conduzida em Curitiba, pelo Centro de Orientação e Aconselhamento (COA), localizado na Rua do Rosário, 144, 6º andar. Telefone: 3321-2803. Informações sobre a pesquisa podem ser obtidas com o pesquisador de campo pelo e-mail pr.combina@gmail.com e Whatsapp 41 99849-8163, além do blog: https://projetocombina.wordpress.com/

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